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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Turismo de negócios movimenta o setor de moda em Goiás.


Dinalva Heloiza

                                             Desfile na SPFW

A importância do turismo de negócios na economia das cidades está diretamente ligada às características da economia local e políticas estratégicas, aplicadas ao desenvolvimento de suas potencialidades.  Consolidado como um dos segmentos mais importantes e com maior vitalidade à economia turística do País. O Turismo de Negócios ocupa hoje, uma primeira posição dentre as modalidades do setor, onde o contínuo aumento de seu faturamento, conforme dados da última pesquisa PACET - Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo, realizada pela FGV - Fundação Getúlio Vargas, em 2012 -, quando o segmento efetivou um crescimento de 23,3%, em relação ao ano anterior.

Neste cenário, Goiânia se sobressai, é uma das principais capitais em realização do Turismo de Negócios na região Centro-Oeste do país; conforme dados do SEBRAE Goiás (2002), ocupando com destaque a 10ª posição nacional no ranking da ICCA – (2007) - EMBRATUR, (2008), o que foi viabilizado principalmente, pelos fatores; posição geográfica estratégica, infraestrutura básica e forte tendência turística em negócios, organização das entidades de classe ligadas ao setor, e ao crescente fluxo de comercialização existente junto aos dinâmicos conglomerados, e polos de moda, da jovem capital. Estes espaços, estão localizados principalmente nos setores, Campinas, Fama, conglomerado da Feira Hippie e Rua 44, e Avenida 85, regiões que se destacam em números, diversidade de confecções e pronta-entregas, com produtos de qualidade e marcas de renome no universo Fashion da capital.

A cidade recebe em média semanal, em torno de 1.000 ônibus, trazendo turistas de todas as partes do Brasil, e também da América do Sul. Eles buscam na capital, produtos fabricados pelos polos regionais, locais e APLs. A moda goiana além de suas potencialidades proporciona também uma grande diversificação de produtos, o que permitiu ao setor, conquistar uma substancial fatia do mercado nacional, aonde também vem consolidando sua forte tendência exportadora, junto ao cenário internacional. Com uma produção que beira, 10 milhões de peças (mês), o setor se divide entre os segmentos de modinha, moda feminina, moda fitness, moda masculina, moda praia, lingerie, moda infantil, jeanswear, calçados masculinos e femininos.

A indústria se divide em polos confeccionistas, onde seus grandes centros, estão localizados na capital Goiânia, e em cidades próximas à capital; Trindade, Jaraguá, Anápolis, Jataí, Rio Verde e Catalão, com destaque aos arranjos produtivos locais (APLs), concentrados em Goiânia e Jaraguá.

A atividade em Goiás, teve início na década de 70, quando foi largamente instigada pela demanda existente em compras de artigos de vestuário, oriundos de outros centros da moda do país. Foi a partir da instalação de pequenas empresas familiares, que o setor alcançou um maior crescimento, proporcionado principalmente pela posição estratégica e forte tendência criativa. Em 1997, as confecções goianas sofreram com a crise econômica que abalou o cenário brasileiro, provocando ao setor, uma inesperada hiperinflação e aumento nos custos de produção.

                                                              Desfile na SPFW 

Em 1999, quando as políticas públicas implantadas, proporcionaram maior crescimento a estes empreendedores, foi possível uma reorganização e consequentemente seu fortalecimento, o que dinamizou a participação das cidades do interior goiano, quando estas viram a possibilidade de se tornaram polos confeccionistas do estado, dinamizando assim, as economias locais.

O setor desde então, tem crescente participação junto as Feiras da Moda que acontecem em todo o país, em especial a SPFW – São Paulo Fashion Week, que acontece duas vezes ao ano, e a FENIT – Feira Nacional da Indústria Têxtil, realizada anualmente, ambas em São Paulo. Em 2001, quando o regime de substituição tributária ao setor, entrou em vigor, houve um substancial crescimento da atividade, com o procedimento de recolhimento do ICMS, simplificado, e a carga tributária aplicada na entrada da matéria-prima no estado, o que possibilitou aos empreendedores da indústria de confecções em Goiás, se fortalecerem de forma mais expressiva, tanto em qualidade, quanto em design de seus produtos.

O estado conta hoje em média, com 4,6 mil confecções formais e outras 4 mil informais, onde o setor, emprega aproximadamente 100 mil pessoas, direta e indiretamente. A principal matéria prima, o algodão, em grande parte produzido no estado, em grande parte, ainda é beneficiado em São Paulo, retornando acrescido de custos, o que onera os valores em produção final, quando comercializado em forma de tecidos à indústria do vestuário regional. Apenas 10% dessa produção, são comercializadas em lojas goianas; grande parte é exportada para outros estados, principalmente para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Além do expressivo mercado nacional, as confecções goianas exportam seus produtos para países como Estados Unidos, Itália, França, Espanha, Rússia, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Kuwait, dentre outros.  Entretanto, essas exportações ainda são instáveis, para que haja maior expressão do setor em cenário internacional, é necessário muito mais investimentos; em melhoria do controle de qualidade dos produtos, maior atenção com os prazos de entrega, ampliação das bases industriais de beneficiamento da matéria prima local, o que possibilita maior valor agregado, e a redução do preço final, e sem dúvida, o fundamental apoio das políticas de abertura do mercado internacional e oportunidades contínuas à qualificação destes empreendedores. 

Atualmente, o setor goiano sofre com algumas crises, que vem afetando seu crescimento em vários cenários. Os principais fatores que acentuam essa crise, estão relacionados à invasão dos produtos chineses e de outros países do leste asiático em solo goiano, e ainda, à extinção de várias Feiras da Moda que alimentavam a promoção do setor, estimulando a economia local. Ambos os fatores, estão relacionados às políticas públicas que demandam o crescimento do setor em cenário goianiense e goiano. 
  
Conforme crescem os polos de moda em Goiânia, e em todo o estado de Goiás, maior é a necessidade de investimentos, onde demandam; melhor infraestrutura tanto ao setor da moda, quanto ao setor do turismo de negócios que sustenta estes polos, além de uma grande demanda em mão-de-obra especializada. Dessa maneira, é possível às indústrias confeccionistas, oferecerem produtos com maior qualidade e ampliarem sua participação em mercado nacional, e internacional, consolidando sua efetiva contribuição ao crescimento e ao desenvolvimento da economia local e nacional.

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